STF: General reserva admite ter escrito plano de assassinato contra Lula e Moraes

STF: General reserva admite ter escrito plano de assassinato contra Lula e Moraes

Confissão de Mario Fernandes

Durante a sessão de quinta‑feira, 24 de julho de 2025, o General da reserva Mario Fernandes, ex‑secretário executivo da Secretaria‑Geral da Presidência no governo Bolsonaro, declarou ao STF que escreveu o plano intitulado "Punhal Verde e Amarelo". O documento detalhava, segundo o militar, um estudo de risco que incluía a eliminação de Luiz Inácio Lula da Silva, do vice‑presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.

Fernandes descreveu o texto como um mero registro de um pensamento pessoal, afirmando que o arquivo "não foi apresentado a ninguém nem compartilhado". Segundo ele, a impressão foi feita apenas para facilitar a leitura e, em seguida, o papel foi rasgado, reforçando a tese de que o plano nunca saiu de sua esfera privada.

A descoberta do plano aconteceu em novembro de 2024, quando a Polícia Federal, em operação coordenada, desvendou um suposto esquema de assassinato programado para 15 de dezembro de 2022, três dias após a certificação da vitória de Lula pelo Tribunal Superior Eleitoral. O método apontado seria o envenenamento das vítimas, com participação de militares da Força de Operações Especiais, conhecidos como "kids pretos".

Repercussões políticas e judiciais

Além da confissão de Fernandes, as investigações apontam que o ex‑presidente Jair Bolsonaro teria "conhecimento pleno" do plano, embora não haja provas de que tenha participado diretamente da sua elaboração. O caso está inserido no contexto maior de suspeitas de tentativa de golpe após a eleição de 2022, envolvendo autoridades militares, membros do governo e grupos extremistas.

O General, que atuou como segundo no comando da Secretaria‑Geral da Presidência e trabalhou no Palácio do Planalto ao lado de Bolsonaro, agora se torna peça central de um processo que pode levar a novas prisões e a um aprofundamento das investigações sobre a suposta conspiração contra as instituições democráticas brasileiras.

Especialistas em direito constitucional destacam que a admissão de autoria de um documento que preconiza assassinato pode ser considerada crime de incitação ao homicídio, além de possível tentativa de sedição. O Ministério Público Federal já requisitou que o STF avalie a necessidade de medidas cautelares, como prisão preventiva, contra Fernandes e demais suspeitos.

A sociedade civil e organizações de direitos humanos acompanham o caso com preocupação, temendo que a revelação de um plano tão radicalmente violento revele falhas de controle civil sobre as Forças Armadas. O futuro da investigação dependerá da produção de provas adicionais, depoimentos de outros militares envolvidos e da decisão dos magistrados na Corte Suprema.