Quando Fabrício Werdum, ex‑campeão peso‑pesado do Ultimate Fighting Championship (UFC), revelou que vai pendurar as luvas de MMA aos 44 anos, o mundo dos esportes de combate parou por um instante. O anúncio, feito em maio de 2022, veio logo após a sua exclusão da Professional Fighters League (PFL) e marcou o fim de uma trajetória de 24 anos no octógono.
Antecedentes e carreira no MMA
Werdum começou a disputar artes marciais mistas em 1999, mas foi a partir de 2015 que atingiu o auge ao conquistar o cinturão dos pesados do UFC ao derrotar Cain Velasquez. Entre os nomes que o brasileiro venceu estão Mark Hunt, Antonio Rodrigo Nogueira e Alexander Gustafsson. Antes de chegar ao UFC, ele já tinha triunfos sobre lendas como Fedor Emelianenko e Antonio Silva no Strikeforce.
O incidente controverso contra Renan Ferreira
O ponto de virada aconteceu em 6 de maio de 2021, na PFL 3Nova Jérsei, EUA. Em vez de esperar o final da luta, Renan Ferreira desferiu um nocaute no primeiro round, embora o replay mostrasse que ele teria simulado um tap antes do soco. A New Jersey State Athletic Control Board reverteu a vitória para "no contest" quatro dias depois, gerando grande frustração no brasileiro.
Motivações para a aposentadoria
Depois do episódio, Werdum já não via mais sentido em permanecer nos treinos extensos que o forçavam a ficar meses nos EUA. "É complicado dizer adeus depois de 24 anos. Até minha esposa me pede para dizer que estou aposentado, mas eu ainda não consigo aceitar", confessou ao portal Ag. Fight. Ele ainda lhe disse que, para voltar ao MMA, seria preciso um "oferta fora deste mundo" – algo que quebrasse a barreira da logística e da motivação.
Transição para o boxe profissional
Logo após a decisão, o ex‑campeão se juntou ao time olímpico de boxe do Brasil. O treinamento foi descrito por ele como "transformador": "Aprendi a movimentar, a usar as finten, a sentir o ritmo. Em um mês eu passei de 122 kg para 113 kg". A perda de 9 kg demonstra o comprometimento físico necessário para disputar o ringue, onde a resistência aeróbica e a velocidade são ainda mais exigentes que no MMA.
Novas incursões em esportes de combate
Mesmo aposentado do MMA, Werdum não abandonou os desafios. Em setembro de 2023, assinou com a Gamebred FC e enfrentou Junior Dos Santos em uma luta de bare‑knuckle MMA, perdendo por decisão dividida. Já em dezembro de 2024, ele havia agendado um duelo contra o também ex‑campeão Frank Mir pela Global Fight League. O combate foi cancelado em março de 2025 quando Mir precisou de cirurgia de emergência, e, pouco depois, a própria GFL suspendeu todos os eventos.
Impacto e perspectivas futuras
A mudança de Werdum tem reverberado entre atletas que consideram a transição entre modalidades. Para o boxe brasileiro, ter um nome de peso‑pesado da UFC nos treinamentos traz visibilidade e pode inspirar novos talentos. Já para a PFL, a saída de um ex‑campeão deixa um vazio de credibilidade, principalmente ao lembrar do caso Ferreira/Werdum. A longo prazo, costuma‑se especular se o ex‑lutarino ainda vai aceitar um convite “fora deste mundo”. Até lá, ele segue focado no ringue, na preparação diária em Brasil e em possíveis lutas de exibição.
- Data da aposentadoria: maio de 2022
- Recorde no MMA: 24 vitórias, 9 derrotas, 1 empate, 1 sem decisão
- Perda de peso para o boxe: 9 kg (de 122 kg para 113 kg)
- Primeira luta de boxe profissional prevista: ainda não anunciada
- Última competição em combate híbrido: 8 set 2023 (bare‑knuckle contra Junior Dos Santos)
Perguntas Frequentes
Por que Fabrício Werdum decidiu deixar o MMA?
Depois da derrota controversa contra Renan Ferreira em 2021, que acabou revertida para "no contest", o lutador perdeu motivação. A necessidade de treinos longos nos EUA e a falta de ofertas que compensassem o sacrifício familiar também pesaram na decisão.
Qual foi o papel da Professional Fighters League na aposentadoria?
A PFL excluiu Werdum do calendário de 2022 depois de seu contrato de 2020 expirar, deixando o atleta sem perspectiva de participação em um grande torneio. O afastamento da promoção marcou o fim da relação que já era tensa.
Como foi a transição para o boxe?
Werdum integrou o time olímpico de boxe do Brasil, onde aprendeu técnicas de movimentação, esquiva e combinações de socos. Em poucas semanas, reduziu 9 kg, demonstrando disciplina física e mental para o novo esporte.
Ele ainda pode voltar ao MMA?
Werdum afirmou que só reconsideraria um retorno se surgisse uma oferta "fora deste mundo", ou seja, um contrato que compensasse financeiramente, logisticamente e em termos de prestígio. Até o momento, nenhuma proposta foi divulgada.
Qual o impacto da saída de Werdum para o boxe brasileiro?
A presença de um ex‑campeão mundial de UFC traz visibilidade ao boxe nacional, atrai patrocinadores e pode inspirar jovens atletas a considerarem transições entre modalidades de combate.