O menino de 5 anos que sobreviveu por quase 48 horas ao lado dos pais mortos foi encontrado na manhã de 29 de setembro de 2025 na BR‑424, km 95, em Garanhuns, Pernambuco. Seus pais, Jobson Lima, 31 anos, e Priscila Bezerra da Costa, 33 anos, perderam a vida quando o carro bateu num cavalo solto e capotou numa ribanceira de cerca de 10 metros de altura. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) enviou a policial Elissa Urquisa ao local, que destacou o papel da cadeirinha de segurança na sobrevivência da criança. O pequeno foi socorrido pelos bombeiros e encaminhado ao Hospital Dom Moura, onde ainda se recupera.
Contexto da Curva da Laranjeira, a "Curva da Morte"
O trecho da BR‑424 conhecido como Curva da Laranjeira ganha esse apelido por causa do histórico alarmante de acidentes. Entre janeiro e setembro de 2025, a PRF registrou a retirada de 4.594 animais das rodovias de Pernambuco, sendo cavalos e bois os mais frequentes. Moradores locais denunciam falta de sinalização adequada e a presença constante de rebanhos soltos, o que eleva o risco de colisões fatais.
Especialistas em trânsito apontam que curvas fechadas combinadas com falta de iluminação criam um cenário propício para perda de controle, principalmente quando veículos pesados transportam famílias ou carga. A própria polícia estadual já havia solicitado obras de contenção e iluminação, mas burocracias atrasaram a execução.
Como ocorreu o acidente
Na noite de sábado, 27 de setembro de 2025, a família saiu de uma fazenda nas proximidades de Garanhuns rumo à cidade. Por volta das 22h30, o carro — um sedan compacto — colidiu com um cavalo que atravessava a pista. O impacto fez o veículo derrapar, subir a encosta e cair em uma ribanceira de 10 metros.
Segundo o relatório preliminar da PRF, o condutor tentou frear bruscamente, mas a superfície escorregadia, ainda úmida de chuvas recentes, impediu a parada. O carro ficou preso entre as árvores, dificultando a visualização do local. Por isso, o corpo do veículo permaneceu oculto na vegetação até ser localizado por um trabalhador rural por volta das 13h30 da segunda‑feira, 29 de setembro.
Ao chegar, a equipe de socorro encontrou o corpo dos pais ainda preso às ferragens. O menino, que estava na cadeirinha de segurança no momento da colisão, foi encontrado fora do assento, porém ileso, com apenas escoriações leves no rosto.
A sobrevivência da criança e o papel da cadeirinha
Elissa Urquisa afirmou à TV Asa Branca que a cadeirinha foi decisiva: “Ela manteve a cabeça do menino protegida, absorvendo parte do impacto. Sem isso, o cenário seria muito diferente”. A criança foi retirada com auxílio de uma maca de resgate improvisada, pois o local ainda não tinha acesso fácil para os caminhões de bombeiros.
Depois do desencarceramento, o menino recebeu os primeiros socorros no local, incluindo curativo nas escoriações e controle de choque. Foi então transportado ao Hospital Dom Moura, onde foi avaliado por pediatras e equipe de trauma.
Mesmo após 48 horas exposto às intempéries — frio, chuva e vento — o garoto permaneceu consciente e respondeu a estímulos. Os médicos destacam que a combinação de idade, resistência física e a proteção da cadeirinha foram fatores críticos para sua sobrevivência.
Investigações e respostas das autoridades
A Delegacia da 134ª Circunscrição de Garanhuns instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente. O caso conta com a participação conjunta da PRF, do Instituto de Criminalística, da Polícia Militar e da Polícia Civil.
Até o momento, as investigações apontam que o cavalo estava solto sem nenhum tipo de contenção. Os fiscais da PRF recomendam que motoristas que encontrem animais na via devem: (i) parar em local seguro; (ii) sinalizar o trecho com triângulos reflexivos; (iii) acionar a PRF pelo telefone 191; e (iv) aguardar a remoção do animal pelos órgãos competentes.
Para os proprietários rurais, as autoridades enfatizam a importância de cercas bem conservadas, portões trancados e vigilância constante, especialmente nas proximidades de rodovias.
O caso também reacendeu o debate sobre a necessidade de obras de engenharia na Curva da Laranjeira, como sinalização luminosa, barreiras de proteção e projetos de contenção de animais.
Impactos e lições para a segurança nas rodovias
O drama de Garanhuns serve como alerta nacional. Segundo o Instituto de Segurança no Trânsito (IST), mais de 30 % dos acidentes graves nas estradas brasileiras envolvem animais na pista, principalmente em áreas rurais. A falta de infraestrutura adequada piora a situação.
Especialistas recomendam que os governos estaduais invistam em tecnologia de monitoramento — como câmeras de vigilância e sensores de presença animal — para reduzir rapidamente o risco. Paralelamente, campanhas de conscientização sobre o uso da cadeirinha de segurança têm sido eficazes: o Ministério da Saúde registra que crianças que utilizam corretamente o equipamento têm 70 % menos chance de lesões graves em colisões.
Para o pequeno sobrevivente, o futuro ainda traz desafios. A equipe do Hospital Dom Moura planeja acompanhamento psicológico para lidar com o trauma de ter passado dois dias ao lado dos pais falecidos. A comunidade de Garanhuns, emocionada, organizou uma cobrança por melhorias na rodovia e prometeu apoiar a família remanescente.
Perguntas Frequentes
Como a cadeirinha de segurança ajudou na sobrevivência da criança?
A cadeirinha absorveu parte do impacto e manteve a cabeça do menino protegida, evitando lesões graves. Sem ela, a desaceleração abrupta poderia ter causado traumatismo craniano fatal.
Por que há tantos acidentes na Curva da Laranjeira?
A combinação de curva acentuada, pouca iluminação, presença constante de animais soltos e falhas de sinalização torna o trecho perigoso. Dados da PRF mostram mais de 4.500 animais retirados das rodovias de PE em 2025.
Quais medidas a PRF recomenda aos motoristas que encontram animais na via?
Parar em local seguro, sinalizar o trecho com triângulos reflexivos, acionar a PRF pelo 191 e aguardar a remoção do animal. Também orientam a manter distância e não tentar conduzir o animal.
Qual o estado atual de saúde do menino?
Ele está internado no Hospital Dom Moura com escoriações leves no rosto e monitorado para possíveis traumas psicológicos. Os médicos não previram complicações físicas graves.
O que as autoridades locais pretendem fazer para melhorar a segurança na região?
Estão estudando a instalação de sinalização luminosa, barreiras de proteção e sistemas de monitoramento de animais. Também há planos para reforçar cercas e realizar campanhas de conscientização sobre a importância da cadeirinha.
gerlane vieira
outubro 19, 2025 AT 19:58É revoltante ver como a burocracia impede obras vitais, enquanto crianças pagam o preço. Cada descaso é uma faca que fende o coração da gente.
Andre Pinto
outubro 26, 2025 AT 08:36Se os donos das fazendas não cercassem os animais, a tragédia era inevitável.
Marcos Stedile
novembro 1, 2025 AT 21:14Então, a PRF realmente quer que a gente acredite que foi só o cavalo? Ou será que há algo maior…? Tal como dizem, os “acidentes” são muitas vezes encobertos por interesses ocultos; a verdade está aí, basta escutar.
Luciana Barros
novembro 8, 2025 AT 09:52A dramaticidade do ocorrido evidencia a urgência de políticas sérias; a falta de iluminação e sinalização é inadmissível.
Glauce Rodriguez
novembro 14, 2025 AT 22:30É inconcebível que o Estado brasileiro, ainda hoje, deixe a cidadania à mercê de animais soltos; se fosse o Brasil dos nossos antepassados, tais fatalidades jamais existiriam.
Daniel Oliveira
novembro 21, 2025 AT 11:08A história do menino sobrevivente na Curva da Laranjeira é, sem dúvida, um quadro que ilustra a fragilidade humana perante as forças da natureza e da negligência institucional.
É fácil apontar dedos para o trânsito, porém, o que realmente escapa ao olhar comum é a cadeia de decisões que antecede cada acidente.
Primeiro, há a ausência de políticas públicas efetivas para a contenção de rebanhos nas proximidades das rodovias.
Em seguida, a procrastinação de autoridades que, sob pretexto de burocracia, atrasam obras essenciais como sinalização luminosa.
Ademais, há a falha dos proprietários rurais que, ao não manter cercas seguras, colocam em risco a vida de quem transita.
A exceção, porém, foi o uso correto da cadeirinha, que salvou a cabeça daquele pequeno ser.
Tal dispositivo, apesar de simples, representa o progresso da segurança infantil quando bem aplicado.
Mas não se iluda, pois a própria existência da cadeirinha não compensa a ausência de infraestrutura adequada.
A PRF, ao registrar milhares de animais na via, demonstra a magnitude do problema que persiste sem solução definitiva.
Os números divulgados revelam que mais de quatro mil animais foram removidos em menos de um ano, um dado alarmante que exige ação imediata.
Enquanto isso, famílias como a de Jobson e Priscila continuam pagando o preço máximo por omissões sistêmicas.
O Estado deveria, por lei e por moral, investir em tecnologias de monitoramento e em manutenção de cercas ao longo das rodovias.
Alguns críticos ainda argumentam que o custo seria proibitivo, mas tal argumento ignora o valor incalculável da vida humana.
Portanto, a solução não reside apenas em campanhas de conscientização, mas em medidas concretas, como barreiras físicas e iluminação permanente.
A sociedade civil tem o dever de cobrar essas mudanças, pois o silêncio compõe-se de cumplicidade.
Em suma, a sobrevivência do menino não deve ser celebrada como mera sorte, mas como um chamado à ação para que nenhuma outra criança enfrente tal horror.
Ana Carolina Oliveira
novembro 27, 2025 AT 23:45Vamos apoiar o pequeno e pressionar por melhorias na rodovia, juntos podemos fazer a diferença!
Bianca Alves
dezembro 4, 2025 AT 12:23A trivialidade dos acidentes aqui expõe a decadência da infraestrutura. 🌐