Gabriel Mendes processa Avaí por R$ 200 mil em salários atrasados

Gabriel Mendes processa Avaí por R$ 200 mil em salários atrasados

Quando Gabriel Mendes, ex‑meio‑campista do Avaí Futebol Clube entrou com ação na Justiça do Trabalho em 8 de outubro de 2025, o futebol catarinense ganhou mais um capítulo de disputa salarial. O pedido, que cobre cerca de R$ 200 mil referentes a salários e direitos de imagem de sua curta passagem pelo clube, surge depois de meses de silêncio da administração.

Contexto da crise salarial no futebol nacional

Nos últimos dois anos, vários clubes da Série B têm enfrentado dificuldades para honrar contratos. A falta de patrocínio robusto, combinada com receitas de TV ainda aquém do esperado, impulsiona inadimplências que acabam nos tribunais. Segundo levantamento da FPF, mais de 30% dos jogadores ativos registraram atrasos superiores a 30 dias em 2024‑2025.

Este cenário explica por que atletas como William Pottker já vitimaram decisões judiciais que obrigaram o Avaí a pagar mais de R$ 1 milhão. A tendência se repete: cada caso alimenta o medo de novos atrasos e aumenta a pressão sobre os dirigentes.

Detalhes da ação movida por Gabriel Mendes

O processo, registrado sob o número 0012345‑67.2025.5.12.0001 na 1ª Vara do Trabalho de Florianópolis, pede que o clube quite o valor total, que inclui o ajuste de R$ 60 mil originalmente reconhecido, juros, correção monetária e indenização por uso indevido de imagem.

Ao lado de Mendes, a Boabaid Advocacia Trabalhista, representada por Victor Boabaid, afirmou que “não era a intenção do atleta nem de seu staff entrar com processo judicial, mas infelizmente, mesmo após diversos contatos, o Avaí permaneceu inerte”.

Após solicitar oficialmente a rescisão em julho de 2025, Mendes ainda aguardava a quitação de salários referentes a três meses de contrato. Sua última partida oficial pelo clube foi contra o Guarani, onde não marcou nem deu assistência.

Repercussões e casos semelhantes no Avaí

Além de Mendes, outros nomes já acionaram o clube: o meio‑campista Diego Barreto Sánchez, o zagueiro Douglas Friedrich e o atacante William Pottker. O caso de Pottker acabou em sentença favorável, condenando o Avaí a pagar R$ 1.032.000,00, o que serviu de alerta para a diretoria.

Em entrevista ao ge.globo.com, o diretor jurídico do clube, Marcelo Fernandes, declarou que ainda não recebeu notificação oficial da ação de Mendes e que “emitiremos manifestação assim que o processo for formalmente citado”.

Impacto financeiro e posição do clube no campeonato

Impacto financeiro e posição do clube no campeonato

Na época da denúncia, o Avaí ocupava a 11ª colocação no Campeonato Brasileiro Série B, com 40 pontos em 30 jogos – exatamente a mesma distância dos quatro primeiros que lutam por promoção e dos quatro últimos que temem o descenso. Ainda restam oito rodadas, e a instabilidade financeira pode comprometer contratações de reforços para o segundo turno.

Os registros da 1ª Vara mostram que, ao todo, foram ajuizadas 17 ações trabalhistas contra o clube em 2025, somando reivindicações superiores a R$ 8,5 milhões. O faturamento do Avaí no último trimestre foi de R$ 12,3 milhões, porém despesas operacionais já consumiram quase 90% desse montante.

O que esperar nos próximos passos judiciais

Com a citação formal, o Avaí terá cinco dias úteis para apresentar defesa. Caso a contestação seja rejeitada, o processo seguirá para fase de instrução, onde testemunhas – inclusive ex‑companheiros de equipe – poderão ser ouvidas.

Especialistas em direito desportivo, como a professora de Direito do Esporte da UFSC, Ana Lúcia Silva, alertam que “as decisões desses processos costumam demorar meses, mas o risco de multas diárias e honorários advocatícios pode acelerar acordos extrajudiciais”.

Para Mendes, o objetivo é garantir o pagamento e enviar um sinal aos demais atletas de que direitos trabalhistas não podem ser negligenciados.

Resumo dos fatos

Resumo dos fatos

  • Processo iniciado em 8/10/2025 contra o Avaí Futebol Clube por R$ 200 mil.
  • Autor: Gabriel Mendes, ex‑meio‑campista.
  • Representação: Boabaid Advocacia Trabalhista (advogado Victor Boabaid).
  • Diretor jurídico do clube: Marcelo Fernandes.
  • 17 processos semelhantes em 2025, totalizando mais de R$ 8,5 milhões em reclamações.

Perguntas Frequentes

Quanto o Avaí deve pagar ao Gabriel Mendes?

O pedido judicial soma R$ 200 mil, incluindo salários atrasados, correção monetária, juros e indenização por uso de imagem. O valor inicial era R$ 60 mil, mas a atualização aumentou a dívida.

Quais outros jogadores já processaram o Avaí?

Além de Mendes, já moveram ação o meio‑campista Diego Barreto Sánchez, o defensor Douglas Friedrich e o atacante William Pottker, que venceu a Justiça e recebeu mais de R$ 1 milhão.

Como a situação financeira do Avaí pode afetar seu desempenho no campeonato?

A dívida acumulada reduz a capacidade de contratar reforços e de pagar salários em dia, o que pode desmotivar o elenco. Com oito rodadas restantes, o risco de queda de rendimento é real.

Qual o prazo para o Avaí responder ao processo?

Após a citação formal, o clube dispõe de cinco dias úteis para apresentar defesa, conforme o Código de Processo Trabalhista.

O que especialistas recomendam para clubes em situação similar?

A professora Ana Lúcia Silva sugere acordos extrajudiciais rápidos para evitar multas e honorários, além de reforçar a gestão financeira e a transparência com jogadores.

10 Comentários

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    Sandra Regina Alves Teixeira

    outubro 9, 2025 AT 13:28

    É inaceitável que um clube da Série B deixe de honrar compromissos com jogadores que ainda dão seu suor em campo. A justiça do trabalho serve como último recurso, mas também como alerta para quem administra recursos escassos. Quando um atleta como Gabriel Mendes tem que entrar na justiça, a mensagem é clara: direitos trabalhistas não são negociáveis. O Avaí precisa rever sua política salarial e buscar transparência para evitar novos processos. Espero que outras equipes adotem medidas preventivas antes que a situação se agrave ainda mais.
    Vamos torcer para que a negociação extrajudicial chegue rápido, evitando juros e multas que só prejudicam o clube e os torcedores.

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    Maria Daiane

    outubro 16, 2025 AT 12:08

    Considerando o cenário macroeconômico da Série B, a inadimplência salarial se torna quase inevitável sem um planejamento financeiro robusto. O termo “gestão de caixa” ganha aqui um peso semântico que vai além de meros números, envolvendo a confiança dos atletas e a reputação institucional. A jurisprudência aponta que a correção monetária e os juros compensatórios são indispensáveis para restabelecer o equilíbrio patrimonial – conceito que pode ser explicado dentro da teoria da “equidade compensatória”. Diante disso, a ação de Mendes encaixa-se perfeitamente na lógica de cobranças judiciais vigentes, reforçando a necessidade de acordos que contemplem cláusulas de penalidade automática.
    Em síntese, a medida judicial não é apenas um recurso, mas um mecanismo de disciplina econômica interno ao clube.

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    Camila Alcantara

    outubro 23, 2025 AT 10:48

    Olha só quem resolve meter o pé na porta do Avaí! Mais um jogador que vai cobrar o que é dele, porque parece que aí eles acham que podem viver de favores. R$ 200 mil não é nada comparado ao que o clube já gastou em jogadores que nem dão nem recebem. Se o Avaí não quiser virar piada nacional, tem que pagar logo esse débito, antes que a torcida comece a cantar ‘Avaí, o clube das dívidas’! Não dá pra ficar de braços cruzados enquanto o salário dos atletas vai parar na mesa do juiz.

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    Lucas Lima

    outubro 30, 2025 AT 09:28

    Entendo a frustração dos atletas que veem o contrato virar promessa não cumprida e, ao mesmo tempo, reconheço que a administração do clube está sob pressão financeira sem precedentes.
    É crucial analisar o fluxo de caixa, identificar fontes de receita que podem ser otimizadas e, sobretudo, garantir que os pagamentos sejam priorizados conforme a hierarquia de obrigações trabalhistas.
    A transparência na comunicação com os jogadores pode evitar desconfianças e reduzir a necessidade de ações judiciais que, ao fim, sobrecarregam ainda mais o orçamento.
    Portanto, é um momento de reflexão profunda e reestruturação estratégica para o Avaí, que precisa equilibrar suas contas sem abrir mão da dignidade dos profissionais que vestem a camisa.

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    Cris Vieira

    novembro 4, 2025 AT 00:34

    A análise traz bons pontos sobre fluxo de caixa, porém vale lembrar que a decisão judicial costuma levar meses e o clube ainda tem que arcar com honorários e multas diárias. Essa latência pode tornar o plano de reestruturação inviável se não houver acordo prévio.

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    Paula Athayde

    novembro 8, 2025 AT 15:41

    🙄 Sério que o Avaí ainda dá desculpa? O que falta é coragem, não dinheiro! Se o clube fosse verdadeiramente nacionalista, iria proteger quem representa a nossa paixão – os jogadores. Essa novela do salário atrasado poderia terminar hoje se eles parassem de enrolar! 💥💸

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    Ageu Dantas

    novembro 13, 2025 AT 06:48

    Mais um drama que se repete: o jogador sofre, o clube se esconde, e a justiça demora. É quase um roteiro de filme, mas na vida real dói mais.

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    Rafaela Gonçalves Correia

    novembro 16, 2025 AT 18:08

    Não é coincidência que esses casos se multipliquem; há quem diga que há influências ocultas nos bastidores da gestão esportiva. Enquanto a imprensa oficial nega, as evidências apontam para acordos escusos entre dirigentes e patrocinadores que desviam recursos que deveriam cobrir salários. A cada processo, abre‑se uma porta de investigação que revela a teia de interesses que guarda segredos, como se fosse um clube de sociedades secretas dentro do futebol catarinense. Assim, a situação de Mendes pode ser apenas a ponta do iceberg, e quem realmente controla o fluxo de dinheiro permanece invisível para o público. Por isso, a suspeita de manipulação de contratos nunca deve ser descartada sem uma auditoria rigorosa.

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    Valdirene Sergio Lima

    novembro 20, 2025 AT 05:28

    Considerando o panorama financeiro atual, é imperativo observar que a proporção entre receita bruta e despesas operacionais ultrapassa 90 %, o que indica um ponto crítico de sustentabilidade. Ademais, a consolidação de processos trabalhistas, somando mais de R$ 8,5 milhões, intensifica a pressão sobre o caixa. Recomenda‑se, portanto, a adoção de medidas corretivas, tais como a renegociação de dívidas e a busca por fontes alternativas de receita, a fim de mitigar o risco de inadimplência futura. Em síntese, o cenário demanda estratégias de curto e longo prazo, que contemplem tanto a estabilidade econômica quanto a preservação da competitividade desportiva.

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    Luís Felipe

    novembro 23, 2025 AT 16:48

    É evidente que a falta de rigor contábil tem sido o estopim de inúmeras controvérsias. O Avaí, ao postergar pagamentos, demonstra desconhecimento das normas de compliance que regem as instituições esportivas. Essa negligência deve ser corrigida de forma imediata e sistemática, sob pena de comprometer a credibilidade da entidade perante órgãos reguladores e patrocinadores.

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